Desde criança, Ronald dos Santos Cruz observava a avó escutando o repórter Bandeira 2, da Rádio Jornal, e ficava impressionado com “aquela máquina parada em cima da mesa, sem imagem, só reproduzindo o som”. Anos depois, ele mesmo aderiu ao hábito e a rádio se tornou uma grande paixão. Hoje, aos 22 anos, Ronald é técnico de Rádio e TV nas Faculdades Integradas Barros Melo (AESO), onde se formou, no primeiro semestre de 2019. O hobby influenciou quase que completamente a escolha pela profissão.
O radialista também é músico, estuda violino desde que tinha oito anos. Foi integrante da Orquestra Criança Cidadã, que apoia o resgate social de crianças carentes através da música. Lá, ele ficou sabendo que o projeto tinha um convênio com a AESO-Barros Melo, que oferecia bolsas de estudo para concluintes do ensino médio. “De cara, eu me apaixonei pelo curso de Rádio, TV e Internet. Eu nem pensei duas vezes”, declara. “Eu estou sempre com um fone no ouvido, sintonizado na rádio. É o meio de notícia mais rápido do mundo, para mim”, afirma.
Ao conseguir a bolsa e entrar na faculdade, o radialista se deparou com outras áreas de trabalho, que chamaram sua atenção. “Eu entrei como amante de rádio, alguém que queria atuar no veículo, mas me descobri no vídeo, na fotografia, e na criação de possibilidades audiovisuais. A AESO-Barros Melo me apresentou um leque de possibilidades, que eu não sabia que poderia ter”, declara.
Em 2016, ele teve a ideia de criar um projeto de empoderamento crespo através da fotografia, chamado Crespografia. A iniciativa busca mostrar à população a autoaceitação, o autorrespeito e o empoderamento das pessoas que se declaram afrodescendentes e, por isso, sofrem alguns tipos de racismo ou preconceito. O Crespografia convida homens e mulheres negros a posarem para fotos, serem modelo por um dia. “São pessoas que, tecnicamente, não teriam essa oportunidade, já que o mercado sempre busca padrões: brancos, de cabelos lisos. Eu quis quebrar esse conceito e mostrar que negro também é bonito”, defende. O projeto já atendeu mais de 140 pessoas e foi tema de reportagem nas TVs Globo, Jornal e Clube.
Ronald se formou em agosto desse ano e, em setembro, já era funcionário da AESO-Barros Melo. Motivo de extrema alegria para ele. “Isso me trouxe a certeza que estava no lugar correto. Se eu pudesse dar um abraço ao meu “eu” de 2016, eu daria um muito grande, por estar, hoje, formado e trabalhando, quase 20 dias depois da minha colação de grau”, comemora. E conclui: “ter estudado aqui me deu essa oportunidade. Então, trabalhar na instituição também é uma forma de agradecer e retribuir”.
O técnico de Rádio e TV diz que sonha muito e vê a AESO-Barros Melo como base, um alicerce de onde pode voar. “Não sei ainda onde quero chegar, mas sei da minha capacidade de brilhar e inspirar pessoas, principalmente, como eu: negros e periféricos, que ainda não tiveram oportunidade, mas lá na frente podem ter. É por esses que eu luto”, afirma.