Segundo a pesquisa Maturidade do Marketing Digital e Venda no Brasil, realizada a partir de um esforço conjunto do Mundo do Marketing, Resultados Digitais, Vendas B2B e Rock Content, 94% das empresas nacionais adotaram o Marketing Digital como estratégia de crescimento nos últimos anos. A análise aponta ainda que as redes sociais são disparadas as líderes em uso. Plataformas como Facebook, Twitter, Instagram e LinkedIn são utilizadas por 91% dos entrevistados.
Esse tipo de atividade no meio jurídico, entretanto, é algo novo. Geralmente, os profissionais de Marketing Digital não gostam de trabalhar com advogados por causa do perfil mais rígido, menos dinâmico. É o que argumenta a estudante Aryane Melo, que está no 4º período de Direito, na AESO-Barros Melo. Segundo ela, o Marketing Jurídico, termo criado para definir a aplicação do marketing na área, ainda é um embrião. Trata-se de um campo de muitos desafios, que ela está disposta a enfrentar e superar com a oferta de serviços personalizados.
“A atuação do marketing digital na advocacia é algo complicado, porque o Código de Ética da OAB proíbe alguns métodos de automação, como a promoção de posts, por exemplo”, declara. As regras, aprovadas e publicadas em 2018, restringem a publicidade feita por advogados e escritórios através da internet. De acordo com o texto, “a telefonia e a internet podem ser utilizadas como veículo de publicidade, inclusive para o envio de mensagens a destinatários certos, desde que estas não impliquem o oferecimento de serviços ou representem forma de captação de clientela”. (Art. 46. do Código de Ética da OAB)
A saída, para Aryane, é apostar no Marketing de Conteúdo, que nada mais é do que uma estratégia de relacionamento e engajamento. Longe dos meios tradicionais de publicidade e oferta de serviços, esse método atrai a atenção de possíveis clientes (captação) por meio da publicação de conteúdo informativo relevante e valioso. Isso gera uma perspectiva positiva em relação à marca jurídica e, ocasionalmente, reverbera na contratação dos serviços profissionais.
Para a estudante de Direito, o Instagram é uma ferramenta útil para a criação de uma figura de autoridade. Ela mesmo usa o perfil pessoal para dar dicas sobre a área jurídica, compartilhar palestras e teorias sobre assuntos interessantes. E é assim que pretende fazer com os futuros clientes advogados. “Eu estudo Direito, mas gosto muito da área de comunicação. Tenho uma rede social bem engajada, onde exerço o Marketing Jurídico”, conta. E completa: “o jovem advogado, principalmente, tem a dificuldade de manter um escritório, porque, além de obter experiência, ele precisa se preocupar em administrar a empresa. Então, quando ele vê a possibilidade de atrair cliente, por meio da internet, é um caminho promissor”, declara.
A ideia de trabalhar na área, prestando esse serviço de administrar as redes sociais de juristas, surgiu de um desafio, realizado em um evento de inovação na área jurídica, organizado pela empresa Advogável Mundo Novo. A aluna da AESO-Barros Melo participou, sugerindo as ações de Marketing Jurídico, e venceu a prova. Foi quando pensou em trazer isso para a realidade e trabalhar como mentora.
“Por mais que tenhamos limitação na nossa categoria, precisamos vender, precisamos de clientes. E o Google, o Instagram podem ser aliados na criação de relacionamentos e conexões, que podem evoluir e virar negócio”, declara. Tudo isso feito de forma orgânica, real e constante.
O processo é longo e requer dedicação. Por isso, Aryane acredita que a melhor forma de torná-lo possível é administrando 100% o conteúdo do cliente. “Advogado é uma pessoa sem tempo. Então, quem se dispõe a fazer a rede social precisa chegar junto. Tirar as fotos, gravar os vídeos, estar o tempo todo respondendo mensagens, interagindo com as pessoas, para transformar o perfil em algo “comprável”, diz.
A estudante está prestes a fechar os primeiros contratos. Na bagagem, muita pesquisa, cursos e encontros de Marketing Digital. A ideia de Aryane é ser conhecida pela boa prestação de serviço. “Espero me tornar referência na área. Poucas pessoas trabalham com Marketing Jurídico e eu estou me aprofundando nessa nova função”, conclui.
De acordo com ela, algumas pessoas ainda têm medo de contratar escritórios com anúncios no Google, por exemplo. A intenção é desmistificar a ideia e levar a pauta à debate com a OAB-PE, a fim de viabilizar caminhos possíveis para os profissionais na era digital.