Artista do grafite, Ozi Duarte, contou com a ajuda da aluna Nathália Vieira em trabalho
A arte urbana ultrapassou o preconceito, deixou de ocupar apenas as vias públicas e invadiu as casas. Muitos destes trabalhos são produzidos com stencil, uma folha com a ilustração recortada (molde), onde a tinta é aplicada e o desenho é reproduzido. A técnica foi utilizada na decoração do novo point do Recife, o Santo Bar, com inauguração prevista para o mês de dezembro. O responsável foi o conceituado artista do grafite, Ozi Duarte, que contou com a ajuda da aluna do curso de Artes Visuais da Barros Melo, Nathália Vieira. Aproveitamos para conversar com a estudante e saber um pouco mais sobre a experiência:
1- Que tipo de trabalho foi desenvolvido?
Nathália- Foram elaboradas três ilustrações: Santa Grife, o Cristo Silva e o São Sebastião, que têm entre três e cinco metros altura. As imagens retratam a dualidade do sagrado e do profano, que habita o ser humano e faz um trocadilho com o nome do empreendimento.
2- Como foram feitas?
Nathália- Pintamos três paredes com stencil. Foram usadas várias camadas de papel em uma só arte. O processo de elaboração das obras é bem rico em detalhes e tudo é feito com spray.
3- Você participou ativamente da produção. De que forma ajudou?
Nathália- Auxiliei na elaboração do stencil e pintura de algumas paredes. O acabamento final ficou por conta de Ozi, porque precisava subir em um andaime e eu não tinha muita experiência com o uso do spray. Já estagiei com outros artistas, mas foi a primeira vez que atuei com street art e isso despertou ainda mais a vontade de me aprofundar na técnica.
4- Quais as lições e ensinamentos que você leva deste desafio?
Nathália- Ozi é um excelente profissional. Acompanhá-lo durante uma semana foi bastante construtivo. Todos os alunos de Artes devem ter a oportunidade de atuar junto a artistas profissionais, assim podemos aliar o que aprendemos em sala de aula à prática de quem já tem experiência e é referência. Para mim, que sempre tive curiosidade sobre as técnicas de street art , funcionou como uma oficina exclusiva.
5-Você acha que essa vivência com artistas profissionais facilita o aprendizado e desenvolvimento profissional?
Nathália- É comum você escolher algo que te chame mais atenção: pintura, gravura, escultura, grafite, entre outras. Para mim, que gosto de pintura, conviver com um artista conceituado e que domine bem a técnica foi uma experiência bastante positiva e que levarei os ensinamentos durante toda a minha carreira.
Ozi Duarte-Iniciou no grafite em 1985 por incentivo e apoio dos precursores da técnica em São Paulo, Alex Vallauri e Maurício Villaça. Começou ocupando os muros da cidade com grafite e integrou a primeira geração de artistas envolvidos com a técnica na década de 80. Reconhecido hoje como arte, o trabalho segue carregando a ironia crítica, característica questionadora originária das ruas. Mestre do stencil, utiliza imagens de personagens reconhecidos da religião, da moda e da política. Para Ozi, a interpretação vale muito mais do que a imagem. Ozi participa ativamente da cena street art de São Paulo e de várias exposições no Brasil e exterior em galerias, museus e instituições culturais.