“Quando o curso é o de cinema, é sempre pelo sonho. Arte é uma profissão que, principalmente no Brasil, só pode levar você a algum lugar quando encara a atividade como mais do que um emprego. Mais do que trabalho, é uma missão”. É o que pensa o ator, diretor e locutor, Marcello Trigo, estudante de Cinema e Audiovisual nas Faculdades Integradas Barros Melo (AESO).
Há quase 20 anos, ele iniciou a missão em uma companhia de teatro chamada Cia. Vanguarda, em Florianópolis, onde cresceu e viveu até mudar-se para o Recife, em 2014. “Nessa escola eu aprendi muito e tive a oportunidade de escrever, produzir, atuar, dirigir. Devo muito a esta experiência, que durou 13 anos”, comenta. Mas, segundo Marcello, chega um ponto em que o diretor ou escritor quer experimentar a câmera. Foi assim com ele, que iniciou os estudos de Cinema em 2012, na faculdade UNISUL, depois veio para a FIBAM, em 2015.
Prestes a se formar, ele conta que, na faculdade, aprendeu, principalmente, a aliar a dublagem (algo que domina) com a escrita e a direção de filmes, bem como a fazer montagem e trabalhos de criação. Marcello se deu bem na empreitada e uma de suas produções, o filme de ficção científica Zórnit, feito em parceria com colegas da graduação, ganhou destaque, participando de vários festivais no país e no mundo, como X Janela Internacional de Cinema do Recife – PE – 2017, Primeira Mostra Cuesta de Filmes de Terror e Suspense - SP – 2018, FUICLA - Festival Universitário de Cine-Literatura de Agadir – Agadir - Marrocos – 2018, FESTCINE Pedra Azul – Domingos Martins - SP 2018, International Independent Film Award (Bronze Winner na categoria estudante) – Encino – Califórnia 2018, H. P. Lovecraft Film Festival – Oregon - Portland – 2018, Inshort Film Festival – Londres – Reino Unido 2018, etc. “Zórnit" é um conto de horror baseado em Stephen King.
“O resultado da produção, presente em tantos encontros de cinema, é algo muito bom para um acadêmico que fez um filme com baixo orçamento. Então, só pelo meu trabalho, eu já sou grato por estar terminando a faculdade bem”, conta.
A ideia do profissional, agora, é montar uma casa de dublagem no Recife. Ele já se dedica ao ofício na própria produtora, Studio 8. No escritório, localizado no bairro do Rosarinho, ele atende clientes do Brasil e exterior, enviando locuções e dublagens para diferentes tipos de produtos. “Da publicidade ao desenho animado, faço a gravação de offs e também sincronia de vozes de personagens. Já fiz vozes para games, como o moba “Strife”, para computador. E sou, hoje, uma das vozes nos comerciais de rádio e TV”, explica.
O desafio é grande. Mas, Marcelo é focado e sonha alto, por isso, já está treinando uma equipe de dubladores para reforçar o elenco da Studio 8. Em maio, ele promove um curso de Dublagem, na Viucine (produtora que surgiu de um coletivo de alunos da AESO-Barros Melo e é, hoje, responsável pela nova safra de desenhos animados recifenses), para capacitar novos atores e inserir vozes no mercado.
“O primeiro embate da dublagem é com o sotaque, porque as produções exigem a tal “voz neutra”, sem a presença do sotaque. Então, no meu curso, eu busco novos talentos e os treino para atenderem a expectativa do mercado, que ainda é dominado pelo eixo RIO-SP. Estamos trabalhando para um dia conseguir emplacar na TV ou no streaming algo como um “Versão Brasileira, Studio 8 – Recife”, comenta.