Clipagens

Itens usados sob novos moldes



Quando a moderadora da página Bazar Brechó Pernambuco, Jacqueline Sá, percebeu que o brechó online era um bom negócio, mais de 10 mil pessoas concordaram. Há dois anos, o espaço virtual contava com cerca de 100 membros que postavam por dia várias ofertas de roupas usadas. Hoje, mais de 11 mil pessoas integram a página. “Eu e mais sete meninas administramos o bazar. Inclusive, eu pedi demissão do meu emprego para trabalhar somente com vendas online”, contou Jacqueline.

No início, ela passou a vender roupas próprias que seriam descartadas. Atualmente, a moderadora ampliou o negócio e passou a vender roupas novas.”Eu vendo as peças com preços abaixo do que o mercado oferta, porque compro no exterior e a quantidade de peças dá a possibilidade de baratear”, comentou. Para investir no negócio, ela aplicou R$ 300 e por mês chega a faturar R$ 1,5 mil. Para a empresária Beth Teixeira, dona do Camarim Brechó, o conceito desse espaço mudou com o passar do tempo. “Há oito anos, quando montei a loja, as pessoas não aceitavam com tanta facilidade comprar roupas usadas. Hoje, a aceitação está sendo bem significativa”, comentou.

Segundo ela, no espaço podem ser encontradas peças com quase 80% de desconto. “A gente consegue fazer isso porque o modelo do negócio é por consignação. Recebemos um lote com no mínimo 50 peças, sendo que na triagem (para avaliação das peças) devem ficar pelo menos 30 itens, e a pessoa que decidiu vender só ganha com base naquilo que for vendido. O preço cai bastante porque são peças que os donos querem se desfazer”, explicou. A empresária disse ainda que o faturamento deve ser acordado entre as partes por intermédio do contrato.

Na opinião da coordenadora da pós-graduação Estudos do Consumo das Faculdades Integradas Barros Melo (Fi­bam/Aeso), Izabela Domingues, a aceitação das pessoas em relação ao brechó sinaliza mudanças na prática do consumo. “Isso mostra o quanto a reutilização e o consumo consciente estão em alta. As mudanças na forma de consumir ganham, dentro dos grupos sociais, um tom ativista e está cada vez mais co­mum perceber o quanto as pessoas desejam fazer parte desse ativismo”, analisou.

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