Homenagem aos 15 anos do GT Racismo e abertura de exposição marcam Semana do MPPE
A homenagem aos 15 anos do Grupo de Trabalho de Enfrentamento ao Racismo do Ministério Público de Pernambuco (GT Racismo/MPPE) marcou as atividades da Semana do MPPE nessa segunda-feira (11). A solenidade contou ainda com o descerramento de uma placa em lembrança do ex-procurador-geral de Justiça Romero de Oliveira Andrade e a abertura da exposição fotográfica Juventude negra e a sua realidade.
"Essa homenagem ao GT Racismo é muito merecida, porque esse grupo se estabeleceu, ao longo desses 15 anos, como uma referência nacional. E a luta contra o racismo tem que continuar de forma mais intensa, porque o racismo se transforma e assume novas roupagens, então nós precisamos nos reinventar para superar essa prática”, afirmou o procurador-geral de Justiça, Francisco Dirceu Barros.
A coordenadora do GT Racismo do MPPE, procuradora de Justiça Maria Bernadete Azevedo, agradeceu a parceria dos movimentos sociais, organizações não governamentais, academia e lideranças dos povos quilombolas, de terreiros e ciganos e narrou a criação e consolidação do GT Racismo desde 2002.
“Com todas as dificuldades, somos a unidade do MP brasileiro que mais avançou na discussão das questões raciais. Todos os membros do MPPE hoje sabem o que é racismo, que serão cobrados pelos movimentos sociais e que o GT Racismo existe para lhes dar suporte na sua atuação. A nossa Instituição não pode mais ignorar o genocídio da juventude negra, o feminicídio da mulher negra, a violência contra os povos de terreiro e a repressão contra as comunidades tradicionais que vivem nas zonas rurais. Nesse momento que vivemos, de um Estado policial e que vai de encontro aos Direitos Humanos, o Ministério Público tem que ter lado: o dos que sofrem violências, o dos que sofrem restrições às suas liberdades e direitos”, defendeu Maria Bernadete Azevedo.
Complementando a fala da coordenadora do GT Racismo, o promotor de Justiça Roberto Brayner, que também faz parte do grupo, lembrou que o Estado de Pernambuco ultrapassou, em 2017, a marca dos 5.000 homicídios. “Essas pessoas que estão morrendo têm cor; o genocídio da população negra existe e o MPPE se importa com isso”, afirmou.
Sobre a temática, a professora do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Liana Lewis, proferiu uma palestra. Ela destacou que os jovens negros são vítimas de um “contínuo genocida”, que são as várias formas de violências às quais estão submetidos, seja de forma direta como vítimas de homicídios ou na desigualdade no acesso aos serviços públicos de saúde, de Justiça e na construção negativa da sua subjetividade.
“E o que as instituições podem fazer para reverter isso? O primeiro passo é se reconhecerem racistas, agir contra essas violações e repensar suas atitudes. Nesse caminho, o Ministério Público tem um papel fundamental, tanto na proteção como no debate sobre os direitos da juventude negra, que é o principal alvo da violência da sociedade”, ressaltou a professora.
A viúva do ex-procurador-geral de Justiça Romero de Oliveira Andrade, Silvana Maranhão, e as filhas do casal receberam das mãos de Francisco Dirceu Barros e Maria Bernadete Azevedo uma placa em homenagem pela criação do GT Racismo.
Exposição fotográfica – Um tema, vários olhares. Com esse foco, o MPPE provocou os alunos do curso de bacharelado em Fotografia das Faculdades Integradas Barros Melo/Aeso a traduzir em imagens a temática Juventude negra. O resultado está exposto no Centro Cultural Rossini Alves Couto, no bairro de Santo Amaro.
“A partir do convite do MPPE, lançamos uma chamada para os alunos e deixamos uma interpretação livre. Essa diversidade de abordagens é algo que agrega muito, ainda mais nesse momento em que vivemos, que exige a valorização da diversidade”, declarou o coordenador do curso de Fotografia, Eduardo Queiroga.
O estudante Henrique Geneci, autor de duas fotos que fazem parte da exposição, explicou que fazer as fotos “foi como um desabafo: nosso país tem origens negras, e refletir sobre a temática trouxe muitos questionamentos, sobre preconceito, autoestima e muitas outras vertentes do que é ser negro no Brasil”, concluiu.
Programação – Nesta terça (12) ocorre, a partir das 15h, a inauguração do Laboratório de Tecnologia Contra a Lavagem de Dinheiro (Lab/LD), do Núcleo de Inteligência do MPPE (Nimppe). Às 18h, a Assembleia Legislativa de Pernambuco promove sessão solene em homenagem ao Ministério Público de Pernambuco, no Auditório Sérgio Guerra, localizado na Rua da União, 397, na Boa Vista.