Estúdio Base, em Santo Amaro, sedimenta espaço na música local
Quantas pessoas cabem em uma pequena sala entre a Rua do Lima e a Rua da Aurora? O Estúdio Base, localizado no endereço há cinco anos, desafia a lógica e hoje é um dos abrigos de um cenário artístico amplo, funcionando como um vértice que une nomes de diferentes linguagens através de um objetivo comum: criar e cooperar. Com meia década de vida, o lugar vem sedimentando o seu espaço e, a partir de um modelo operacional particular, tem transformado a produção até de estúdios mais consagrados do Estado.
“O Estúdio Base começou em 2010, quando eu, Carlinhos e Dossa estávamos finalizando os nossos estudos no curso de Produção Fonográfica, da AESO. Eu e Carlinhos queríamos um canto para ensaiar e Dossa um lugar para fazer mixagens”, explica Vinícius Nunes, ou “Lezo”, como ficou conhecido pelo trabalho como DJ, se referindo aos amigos, e também músicos, Carlos Carvalho e Arthur Soares. Esse último saiu da sociedade no início do ano para se dedicar melhor a projetos individuais, mas ainda hoje colabora com a dupla que se mantém à frente do Base.
Parte do circuito independente como integrantes das bandas Mabombe e Pé Preto, Carlos e Vinícius, respectivamente, pensaram em um ambiente que favorecesse a experimentação criativa dos seus projetos. “A gente queria gravar do jeito que achasse melhor, sem necessariamente entrar nos moldes dos estúdios que já existiam. O que acontecia é que em outros lugares a produção era muito automática, repetindo fórmulas que eles já sabiam que daria certo”, comenta Vinícius. Por conta do estilo livre, ainda pouco explorado em Pernambuco, a dupla já foi convidada a fazer parte de outros sistemas, como o Fábrica Estúdios, com quem faz parcerias até hoje, mas preferiu manter o Base independentemente dos demais.
Não demorou para que a dinâmica do Base chamasse a atenção da produção contemporânea de Pernambuco, passando a concentrar grande parte dos novos nomes que estão em destaque atualmente. A lista de grupos e cantores que usam o estúdio para produzir e gravar discos é extensa e passa por gente como Aninha Martins, Juvenil Silva e Anjo Gabriel, além das próprias bandas dos sócios. O trabalho musical ainda se estende para o cinema, com trilhas sonoras de filmes, como o curta “Loja de Répteis”, de Pedro Severien, e para a remasterização de discos, como a compilação dos títulos da Ave Sangria, relançados pelo selo Ripohlandya.
São tantas ideias que se cruzam no endereço, que, desde o ano passado, o Base busca projetos para “distribuir” a produção. Recentemente, nasceram o Base Sessions e Base Singles. O primeiro tem a proposta de lançar os novos nomes que atuam no estúdio, como a banda Ctrlbeat, que se apresentou na primeira edição do projeto, e o segundo lança um single por mês de um artista parceiro do espaço. O primeiro produto do Base Singles foi a gravação da música “Alexandre Mapa”, da Cosmo Grão. Em agosto, será a vez de Juliano Holanda apresentar uma composição inédita através da iniciativa.
Olinda
Com a saída de Arthur Soares da sociedade do Base, Vinícius Nunes e Carlos Carvalho reforçaram a parceria com A Casa do Cachorro Preto com o intuito de fomentar novas atividades para cultura da Cidade, como é o caso do Base Sessions.