Entre o público e o privado
Quem se forma em direito pode trabalhar, basicamente, nestas duas áreas: a pública e a privada. Na primeira, há várias profissões, entre elas juiz, promotor de justiça e procurador do estado, mas todas necessitam de aprovação em concurso público. Já na área privada, o bacharel pode exercer a advocacia, sendo um pré-requisito a aprovação no exame da OAB que acontece, no estado, três vezes ao ano e tem em média 1.700 candidatos a cada prova. Segundo o Conselho Federal da OAB, menos de 20% dos formados em direito no Brasil dedicam-se à advocacia. E isso tem um porquê: o início de carreira é difícil. De acordo com o presidente da comissão de assistência aos novos advogados da OAB-PE, Daniel Carlos Araújo, o novo advogado pode ingressar no mercado de duas novas. A primeira seria montando o seu escritório. "Isso exige um alto investimento e o retorno é apenas a longo prazo, pois é preciso formar o seu nome no mercado e conseguir clientes", afirma. A outra saída seria trabalhar nos grandes escritórios, que nem sempre oferecem boas condições de trabalho. "Em muitos casos, os advogados trabalham sem carteira assinada e sem seus direitos garantidos. Além disso, muitas vezes ele é 'subutilizado', ou seja, desenvolve tarefas manuais, mecânicas, não colocando em prática o que aprendeu na universidade", comenta Daniel, acrescentando que a quantidade de horas de trabalho também não é respeitada. "Deveriam trabalhar seis horas por dia, mas, muitas vezes, trabalham oito, dez horas". E é por conta desses transtornos que muitos desistem da carreira de advogado e decidem fazer concurso público. Há seis anos, Camila Oliveira advoga. Ela diz que a advocacia é bastante dinâmica e instigante. "Quem pretende enveredar por essa área deve ser responsável e gostar de escrever. O ideal é que ele tenha uma boa oratória para conseguir expressar o seu pensamento e que tenha poder de argumentação", fala. Ela completa que é importante ter uma boa rede de contatos e estar sempre atualizado e publicando artigos em revistas especializadas. O advogado pode se especializar em vários ramos do direito. Destaque para o direito bancário e tributário. O salário inicial de um advogado fica entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, mas dependendo de escritório e da experiência profissional pode chegar até mais de R$ 10 mil. Outra carreira que o bacharel pode seguir, através de concurso, é a magistratura. O juiz deve ser paciente e imparcial. Seu trabalho consiste em fazer audiência, atender ao público, dar despacho, e, claro, julgar. "Para ser um bom juiz algo essencial é ter honestidade, ser incorruptível. Deve pensar no que é certo e justo", diz o juiz federal Frederico Koehler. Além do trabalho, é preciso estudar e ler muito. "Precisamos estar sempre nos atualizando. O direito reflete as brigas da sociedade", acrescenta o magistrado. Um outro cargo muito mencionado e procurado é o de promotor de justiça. Para entrar nessa profissão também é preciso aprovação em concurso público. De acordo com o promotor Evandro Magalhães quem pretende seguir essa carreira deve ter um caráter mais investigativo. "É uma atividade muito dinâmica e dentro do Ministério Público há várias áreas em que você pode atuar", pontua Evandro que escolheu essa profissão por agir em prol da sociedade, pelo dinamismo e autonomia. O salário de um juiz e promotor é em torno de R$ 13 mil.