Christina Machado revê trajetória
Artista lança hoje um catálogo retrospectivo e leva a exposição Artérias viva para o Espaço Experimental Hélio Oiticica do Mamam Marina Andrade mandrade@jc.com.br A artista plástica Christina Machado revisita 15 anos de sua carreira a partir do catálogo Fio do tempo, que será lançado hoje, a partir das 17h, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam). Para marcar a ocasião ela inaugura a exposição Artérias viva, composta pela videoinstalação Sem pé nem cabeça, realizada inicialmente em 2005 no Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, de onde seguiu para o Pátio de São Pedro, durante o SPA das Artes 2010, e agora se instala no Espaço Experimental Hélio Oiticica, do Mamam. A obra Fio do tempo foi organizada em parceria com a historiadora e a arte-educadora Joana D’Arc Lima e conta com a colaboração do jornalista Júlio Cavani, que participou da entrevista e da edição do livro. A narrativa surge em primeira pessoa, numa sugestão da própria artista e atual professora de Artes plásticas da Aeso Barros Melo, que gostaria dela mesma contar sobre suas pesquisas e inserção no campo das artes do Recife. “Foi preciso captar dinheiro durante dois anos para que o livro tivesse mais corpo, porque seria difícil mostrar 15 anos de obras em uma coisa pequena”, contou Christina. Registros fotográficos ajudam a narrar a carreira da artista plástica em Fio do tempo. Imagens de Dominique Bertè, Luiz Santos, Márcio Almeida, Mateus Sá, Aurélio Velho marcam presença no catálogo, que também acaba narrando o que tem sido realizado recentemente na arte pernambucana. EXPOSIÇÃO Sem pé na cabeça tem traçado um percurso relevante na cidade. Primeiro porque a videoinstalação nasceu envolvendo pacientes do Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, na Tamarineira. Seis desses pacientes foram convidados por Christina Machado para ajudá-la a imprimir corações nas camisas dos transeuntes no Pátio de São Pedro, durante a intervenção Artérias sem pé nem cabeça, que integrava a programação do último SPA das Artes. Para acompanhar a videoinstalação, que se muda para o Mamam com o objeto cama, uma escultura feita com camas de hospital, onde pessoas se deitam e recebem gravuras de corações nas suas roupas, Christina lança um videoarte, criado com a colaboração dos artistas Francisco Baccaro e Diogo Todé. A obra é costurada a partir de junções de pedaços de processos artísticos de diversas linguagens. O diálogo com trabalhos anteriores é uma constante nas obras de Christina. “Eu tenho muitos trabalhos que vem lá de trás e depois aparecem de outras formas, porque lido com um conteúdo que pode estar sempre sendo retrabalhado que é a existência humana”, completa a artista. Há um ano ela mantém um ateliê residência no Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, onde duas vezes por semana desenvolve atividades artísticas com os pacientes, principalmente com a argila. Esse envolvimento acaba se refletindo em suas obras. “Ano passado produzi 60 cabeças em barro para o SPA das Artes, que contaram com a interferência do pessoal do hospital. Estão todas guardadas para uma nova exposição, possivelmente no próximo ano”. Junto com o fotógrafo Luiz Santos, que também possui seu ateliê no local, Christina tem investido na infraestrutura desse lugar de produção, com a compra de um forno para possibilitar maiores criações na argila, enquanto Santos providenciou uma ilha de edição. » Lançamento do catálogo Fio do tempo e abertura da exposição Artérias viva de Christina Machado, no Mamam. Hoje, a partir das 17h. Rua da Aurora, 265, Boa Vista. Informações: 3355-6870.